sexta-feira, 27 de novembro de 2009

As portas de entrada para as drogas ilícitas

Este é um artigo sobre meu trabalho que saiu em uma web page

clique aqui para ler o artigo:

http://www.folhadomate.com.br/interna.php?arquivo=_noticia.php&intIdConteudo=6222&intIdEdicao=510

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Uma vida mais saudável sem drogas

Há cada vez mais uma urgente necessidade de se fazer prevenção ao uso de drogas. Mas como convencer um jovem de que ele pode viver melhor sem o prazer artificial das drogas? Em primeiro lugar temos que conscientizá-los de que o uso de drogas é fruto de vários fatores e que nem todo mundo usa drogas ilícitas.

Algumas pessoas passam a usar drogas ilícitas apenas por uma curiosidade momentânea, ou por estar passando por problemas de vários tipos, mas a principal causa é a falta de informações consistentes sobre os danos causados pelo uso sistemático de substâncias psicoativas (drogas). A pressão pelo grupo de amigos conta muito na decisão de um jovem de usar algum entorpecente, principalmente se este estiver desinformado sobre as consequências do seu uso ou estiver insatisfeito com algum aspecto momentâneo ou permantente de sua vida.

Fatores sociais podem também levar não somente jovens a experimentar alguma substância psicoativa (SPA), mas também pessoas de todo tipo, classe social, grau de escolaridade, raça, sexo etc. Ninguém está livre de experimentar alguma SPA. Entre os fatores sociais estão a própria disponibilidade da droga, a percepção das pessoas sobre o uso de drogas e sobre as drogas em si, e a influência que a mídia possui sobre as pessoas, os modisos, por exemplo, possui forte influência sobre os jovens e se isso incluir o uso de alguma substância pode assumir contornos bem perigosos como por exemplo o uso de Ecstasy nas festas Rave, que já causou algumas mortes por uso abusivo.

O problema não é o simples uso da droga, que pode ser experimental e ficar por aí, é o organismo se acostumar com o princípio ativo da droga e passar a exigir sua manutenção, é quando chega a dependência química, que é uma síndrome incurável, porém podendo ser tratada.

A síndrome de dependência química é uma doença cerebral e há vários métodos de tratamento que vai de uma simples terapia até o tratamento medicamentoso com ou sem internação. Não se deve confundir uso abusivo com a dependência química. O uso abusivo de drogas pode ser constituído de episódios isolados em que o usuário "toma todas", no caso do álcool por exemplo. Já a dependência requer uma série de sintomas como o desejo incontrolável de usar a droga, substituição de hábitos antigos pelo de fazer uso de alguma SPA.

É bom lembrar que nem tudo começa pela maconha, como se costuma afirmar (porta de entrada). O álcool e o tabaco ainda são as drogas mais consumidas no mundo.

"O álcool é a droga de uso e abuso mais disseminados no mundo"

"O tabaco é uma das principais causas de morte que podem ser evitadas"

Na verdade o álcool e o tabaco são as verdadeiras portas de entrada às drogas mais potentes. Isso não significa que quem seja fumante ou beba algumas cervejas vá obrigatoriamente ser um usuário de drogas ilícitas no futuro, isso depende de vários fatores individuais e sociais, incluindo a genética.

Jovem que é consciente aproveita a vida sem drogas, participa de várias atividades salutares, realiza coisas úteis às pessoas e cria outras tantas que podem ajudar. Envolve-se com projetos criativos como teatro, fotografia, cinema, acampamentos, literatura, esportes. Ajuda pessoas praticando filantropia, abraça uma causa como a ecologia, justiça ou protesta contra a violência. Há muitas coisas na vida para se fazer e que não necessita de drogas lícitas e ilícitas.

Há que se preencher a vida de coisas positivas e com retorno garantido, as drogas não oferecem mais que alguns segundos de prazer, mas a cobrança vem logo após e o preço é a vida.

Algumass frases interessantes:

"Não existe uso de drogas sem riscos, mesmo o uso esporádico ira causar prejuízos".

"Quanto mais cedo uma pessoa iniciar o uso de qualquer tipo de droga, maiores suas chances de desenvolver a síndrome de dependência."

"O ideal é o jovem retardar ao máximo a experimentação de qualquer substância psicoativa, incluindo álcool e cigarros".

Richardson Luz

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Conheça as legal high drugs

Cada vez mais popular na Europa, o comércio de entorpecentes legais começa a chegar ao Brasil, revelam Fabio Brisolla e Karla Monteiro. As chamadas legal highs são fabricadas por empresas em laboratório, com substâncias não proibidas por lei, e reproduzem os efeitos de drogas como maconha, cocaína e ecstasy. Pesquisa do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência identificou 68 sites oferecendo entorpecentes legais na União Europeia, metade deles no Reino Unido. Lá, eles também podem ser comprados em lojas. No Brasil, há pelo menos três sites vendendo legal highs. “Estamos diante de um novo desafio”, diz Bo Mathiasen, do Escritório das Nações Unidas Sobre Drogas e Crime. Segundo a Anvisa, existe um vácuo do ponto de vista criminal para este tipo de droga. As consequências sobre a saúde ainda são desconhecidas.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Este vídeo mostra uma realidade que muitos usuários de drogas não enxergam ou não querem enxergar. Dizem que não prejudicam ninguém a não ser eles mesmos. Não se dão conta que o narcotráfico se alimenta da sua grana e sai matando inocentes por aí.

Conexão impossível: drogas e Paternidade Responsável (por Richardson Luz)

Determinados fenômenos sociais não estão devidamente dimensionados, dificultando as correlações entre eles e conseqüentemente, impedindo o surgimento de políticas públicas eficazes. Um desses fenômenos refere-se ao abuso de substâncias psicoativas (SPA) também conhecidas como drogas.
O termo abuso, para o Instituto Nacional contra o Abuso de Drogas dos Estados Unidos (National Institute for Drug Abuse - NIDA), subentende o uso normal de qualquer droga ilícita e o uso abusivo de drogas lícitas. Drogas lícitas e ilícitas ou SPA são substâncias que após serem inseridas na corrente sanguínea, via oral – fumando ou ingerindo; aérea – cheirando, inalando ou aspirando, ou intravenosa – através de injeções, provocam no usuário modificações de comportamento e percepção e nesse ponto, a maioria das pessoas já não responde mais por seus atos, daí os freqüentes casos de assassinatos, estupros e outros crimes relacionados ao estado de ânimo do autor do fato.
Deve-se deixar claro que há uma diferença entre o uso ocasional de drogas e a dependência química. Uso ocasional inclui o uso de qualquer droga ilícita de forma esporádica, sem uma frequência determinada. É quando o usuário utiliza a SPA num encontro com amigos ou alguma comemoração. Normalmente este uso causa algum problema perfeitamente contornável no trabalho, em casa, ou entre amigos não usuários. O dependente químico, pelo contrário, vive em função da droga e faz tremendos esforços para adquiri-la e disfarçar o uso. É desse tipo de usuário e dos problemas relacionados à dependência química que se falará neste artigo, relacionando esses problemas com a nobre missão da Paternidade Responsável.
O princípio da paternidade responsável foi eleito como prioridade absoluta para a proteção integral a crianças e adolescentes na Constituição Federal de 1988, artigo 227, e inclui a preocupação com a formação do cidadão de amanhã e não só a família, mas também a sociedade, e o Estado possuem responsabilidade nessa formação, mas “Nada justifica livrar o genitor das obrigações decorrentes do poder familiar, que surgem desde a concepção do filho” (¹). Em São Paulo e em São Sebastião do Caí - RS houve programas intensos de estímulo ao reconhecimento formal da paternidade de seus filhos.
No entanto relegar à paternidade responsável única e exclusivamente o simples reconhecimento formal de paternidade é “no mínimo, amesquinhar a paternidade” (²). Até mesmo nas escrituras sagradas há conselhos para os pais, responsabilizando-os com sua criação; “instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele” (³). Nesse sentido, toda a paternidade deve ser planejada, e acima de tudo, os responsáveis devem instruir os filhos nos costumes e regras sociais vigentes, deve-se também, como pais (ou cuidadores) prover o bem estar alimentício, financeiro, espiritual e acadêmico às crianças.
Nesse sentido, como pode um pai envolvido com drogas, bebidas alcoólicas em excesso e noitadas em bares cumprir esse chamado? Como pode um pai que só pensa em saciar sua vontade de usar drogas ser um pai responsável? Como pode um pai ser responsabilizado pelas agressões que comete a seus filhos ou esposa, quando sob o efeito de SPA? Estudos sociológicos apontam que as drogas, em geral o álcool, as anfetaminas, a cocaína e seus derivados inclusive o crack e outros estimulantes são os principais aditivos relatados em episódios violentos. Alguns estudos, no entanto, não consideram conclusivos os resultados de diversas pesquisas científicas relacionando drogas e violência, no entanto, algumas ações que limitaram o acesso ao álcool, como por exemplo, o fechamento dos bares da periferia às 23h na cidade de Diadema – São Paulo, até então considerada um dos locais mais violentos do Brasil, provocaram uma radical queda nos índices de homicídios da região, como relata o site da Agência Brasil de Comunicação(4);
“Nos anos 90, Diadema registrava uma das maiores taxas de homicídios do país. Em 1999, foram registrados 374 assassinatos. Um conjunto de políticas públicas bem-sucedidas, que tem como principal eixo o fechamento de bares às 23h, diminuiu gradativamente o número de casos. Em 2007, último balanço anual consolidado, ocorreram 80 mortes”.
Normalmente o abuso de drogas e os problemas que dele decorrem afetam em primeiro lugar e principalmente a família do usuário. O fato é que as SPA provocam distorções, às vezes radicais, na percepção e no comportamento dos indivíduos que as utilizam ou fazem uso abusivo delas. Não há como conciliar numa mesma vida e num mesmo lar o fenômeno da drogadição e a paternidade responsável, trata-se de uma conexão impossível e isso é inegável.
A grande maioria dos casos de violência contra crianças está calcada no abuso de drogas. A figura paterna assume enorme importância na vida familiar que qualquer criança. Existem estudos que comprovam que um relacionamento bom com o pai (ou de quem representa a figura paterna) protege os jovens de experiências com drogas. Isso não significa que apenas pelo fato de haver um pai dentro de casa, um filho não irá usar drogas, milhares de crianças no Brasil são criadas somente pelas mães e, no entanto, não são usuárias de drogas, tornaram-se estudantes talentosos ou profissionais dedicados. As mães brasileiras, muitas vezes fazem um duplo papel, já que os verdadeiros pais fogem da responsabilidade, ou simplesmente é melhor que não estejam presentes devido a seu estado psicológico.
Ser pai envolve uma série de atitudes responsáveis que protegem os jovens. Além de ser pai de fato, deve-se reconhecer a paternidade e assumir as responsabilidades decorrentes dessa condição. O pai ou cuidador deve controlar as condições do ambiente familiar no que concerne ao acesso a drogas. No seio de uma família existem tantos fatores protetivos (que evitam uma experiência com drogas) quantos fatores de risco (que facilitam experiências com drogas). Entre os fatores que protegem os jovens de experiências com drogas lícitas e ilícitas, por exemplo, é a não tolerância dos pais com respeito ao uso de bebidas alcoólicas, ou seja, pais permissivos com relação ao álcool podem ter algum dia uma triste surpresa; seu filho ou filha e chegarem em casa completamente embriagados. Isso pode significar o início de uma história de dependência química de álcool e sucessivas internações em clínicas ou comunidades terapêuticas. O mesmo ocorre em relação ao cigarro (tabaco), que desenvolve dependência muito facilmente. Atualmente percebe-se que diversos estudos apontam para um início cada vez mais cedo (em média 13 anos de idade) do hábito de fumar. O perigoso nisso tudo é que estudos apontam o álcool e o tabaco como as verdadeiras portas de entrada para o uso de outras substâncias mais tóxicas. Pesquisa realizada no México com usuários de drogas ilícitas (maconha, cocaína e crack), revelou que todos eles começaram com tabaco e álcool, para depois avançar para as drogas ilícitas. A permissividade com relação a álcool e tabaco pode levar o jovem a querer experimentar outras substâncias para “ver o que é que dá”, nesse sentido, também a curiosidade funciona como fator de risco ao abuso de drogas.
O fator de proteção à curiosidade é o conhecimento sobre os efeitos das principais drogas de abuso. Assim, o diálogo e a confiança entre pai e filhos são de suma importância para se evitar o abuso precoce de drogas. Mas, se o problema estiver justamente aí? Ou seja, se o próprio pai ou cuidador é dependente químico? Como pode um pai responsabilizar-se pela vida que ajudou a colocar no mundo, se a sua prioridade é conseguir a droga? Como pode um pai dispor de tempo para uma criança, educá-la e dar a ela carinho e amor, se o que ele mais ama na vida é a SPA? O ato de ser pai (biológico ou não) é um ato de amor que exige muitas vezes abnegação, dedicação e paciência, e um dependente químico não possui estas qualidades por estar doente demais para cuidar de outros assuntos. Um dependente químico é um doente e precisa de ajuda urgentemente, mesmo que no momento da abordagem ele afirme que está bem, que não precisa de ajuda. Um pai responsável fica alerta para pequenos episódios que possam levar à crença de que usar drogas é “normal”, o que muitas vezes começa em nossa família como uma brincadeira (molhar a chupeta da criança no vinho, Por exemplo) pode muitas vezes desencadear uma série de eventos desagradáveis que irão culminar num jovem irresponsável e numa pessoa totalmente desinteressada pela sua condição de paternidade. Nesses casos seria fácil deduzir que a paternidade responsável (e a irresponsável) se reproduz de geração em geração. Alguém disse: “Como pode um jovem que nunca foi amado amar?”.
1 Maria Berenice Dias.
2 Fábio Henrique Prado de Toledo, Juiz de Direito em Campinas.
3 Walter Santos Baptista, pastor da Igreja Batista Sião em Salvador, Bahia.
Richardson Luz é sociólogo e coordenador do Núcleo de Prevenção às Drogas e à Dependência Química da ONG Brasil Sem Grades.

Conexão impossível: drogas e Paternidade Responsável


Por Richardson Luz
Determinados fenômenos sociais não estão devidamente dimensionados, dificultando as correlações entre eles e conseqüentemente, impedindo o surgimento de políticas públicas eficazes. Um desses fenômenos refere-se ao abuso de substâncias psicoativas (SPA) também conhecidas como drogas. O termo abuso, para o Instituto Nacional contra o Abuso de Drogas dos Estados Unidos (National Institute for Drug Abuse - NIDA), subentende o uso normal de qualquer droga ilícita e o uso abusivo de drogas lícitas. Drogas lícitas e ilícitas ou SPA são substâncias que após serem inseridas na corrente sanguínea, via oral – fumando ou ingerindo; aérea – cheirando, inalando ou aspirando, ou intravenosa – através de injeções, provocam no usuário modificações de comportamento e percepção e nesse ponto, a maioria das pessoas já não responde mais por seus atos, daí os freqüentes casos de assassinatos, estupros e outros crimes relacionados ao estado de ânimo do autor do fato. Deve-se deixar claro que há uma diferença entre o uso ocasional de drogas e a dependência química. Uso ocasional inclui o uso de qualquer droga ilícita de forma esporádica, sem uma frequência determinada. É quando o usuário utiliza a SPA num encontro com amigos ou alguma comemoração. Normalmente este uso causa algum problema perfeitamente contornável no trabalho, em casa, ou entre amigos não usuários. O dependente químico, pelo contrário, vive em função da droga e faz tremendos esforços para adquiri-la e disfarçar o uso. É desse tipo de usuário e dos problemas relacionados à dependência química que se falará neste artigo, relacionando esses problemas com a nobre missão da Paternidade Responsável.O princípio da paternidade responsável foi eleito como prioridade absoluta para a proteção integral a crianças e adolescentes na Constituição Federal de 1988, artigo 227, e inclui a preocupação com a formação do cidadão de amanhã e não só a família, mas também a sociedade, e o Estado possuem responsabilidade nessa formação, mas “Nada justifica livrar o genitor das obrigações decorrentes do poder familiar, que surgem desde a concepção do filho” . Em São Paulo e em São Sebastião do Caí - RS houve programas intensos de estímulo ao reconhecimento formal da paternidade de seus filhos. No entanto relegar à paternidade responsável única e exclusivamente o simples reconhecimento formal de paternidade é “no mínimo, amesquinhar a paternidade” . Até mesmo nas escrituras sagradas há conselhos para os pais, responsabilizando-os com sua criação; “instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele” . Nesse sentido, toda a paternidade deve ser planejada, e acima de tudo, os responsáveis devem instruir os filhos nos costumes e regras sociais vigentes, deve-se também, como pais (ou cuidadores) prover o bem estar alimentício, financeiro, espiritual e acadêmico às crianças. Nesse sentido, como pode um pai envolvido com drogas, bebidas alcoólicas em excesso e noitadas em bares cumprir esse chamado? Como pode um pai que só pensa em saciar sua vontade de usar drogas ser um pai responsável? Como pode um pai ser responsabilizado pelas agressões que comete a seus filhos ou esposa, quando sob o efeito de SPA?Estudos sociológicos apontam que as drogas, em geral o álcool, as anfetaminas, a cocaína e seus derivados inclusive o crack e outros estimulantes são os principais aditivos relatados em episódios violentos. Alguns estudos, no entanto, não consideram conclusivos os resultados de diversas pesquisas científicas relacionando drogas e violência, no entanto, algumas ações que limitaram o acesso ao álcool, como por exemplo, o fechamento dos bares da periferia às 23h na cidade de Diadema – São Paulo, até então considerada um dos locais mais violentos do Brasil, provocaram uma radical queda nos índices de homicídios da região, como relata o site da Agência Brasil de Comunicação. “Nos anos 90, Diadema registrava uma das maiores taxas de homicídios do país. Em 1999, foram registrados 374 assassinatos. Um conjunto de políticas públicas bem-sucedidas, que tem como principal eixo o fechamento de bares às 23h, diminuiu gradativamente o número de casos. Em 2007, último balanço anual consolidado, ocorreram 80 mortes”.Normalmente o abuso de drogas e os problemas que dele decorrem afetam em primeiro lugar e principalmente a família do usuário. O fato é que as SPA provocam distorções, às vezes radicais, na percepção e no comportamento dos indivíduos que as utilizam ou fazem uso abusivo delas. Não há como conciliar numa mesma vida e num mesmo lar o fenômeno da drogadição e a paternidade responsável, trata-se de uma conexão impossível e isso é inegável. A grande maioria dos casos de violência contra crianças está calcada no abuso de drogas.A figura paterna assume enorme importância na vida familiar que qualquer criança. Existem estudos que comprovam que um relacionamento bom com o pai (ou de quem representa a figura paterna) protege os jovens de experiências com drogas. Isso não significa que apenas pelo fato de haver um pai dentro de casa, um filho não irá usar drogas, milhares de crianças no Brasil são criadas somente pelas mães e, no entanto, não são usuárias de drogas, tornaram-se estudantes talentosos ou profissionais dedicados. As mães brasileiras, muitas vezes fazem um duplo papel, já que os verdadeiros pais fogem da responsabilidade, ou simplesmente é melhor que não estejam presentes devido a seu estado psicológico. Ser pai envolve uma série de atitudes responsáveis que protegem os jovens. Além de ser pai de fato, deve-se reconhecer a paternidade e assumir as responsabilidades decorrentes dessa condição. O pai ou cuidador deve controlar as condições do ambiente familiar no que concerne ao acesso a drogas. No seio de uma família existem tantos fatores protetivos (que evitam uma experiência com drogas) quantos fatores de risco (que facilitam experiências com drogas). Entre os fatores que protegem os jovens de experiências com drogas lícitas e ilícitas, por exemplo, é a não tolerância dos pais com respeito ao uso de bebidas alcoólicas, ou seja, pais permissivos com relação ao álcool podem ter algum dia uma triste surpresa; seu filho ou filha e chegarem em casa completamente embriagados. Isso pode significar o início de uma história de dependência química de álcool e sucessivas internações em clínicas ou comunidades terapêuticas. O mesmo ocorre em relação ao cigarro (tabaco), que desenvolve dependência muito facilmente. Atualmente percebe-se que diversos estudos apontam para um início cada vez mais cedo (em média 13 anos de idade) do hábito de fumar. O perigoso nisso tudo é que estudos apontam o álcool e o tabaco como as verdadeiras portas de entrada para o uso de outras substâncias mais tóxicas. Pesquisa realizada no México com usuários de drogas ilícitas (maconha, cocaína e crack), revelou que todos eles começaram com tabaco e álcool, para depois avançar para as SPA ilícitas.A permissividade com relação a álcool e tabaco pode levar o jovem a querer experimentar outras substâncias para “ver o que é que dá”, nesse sentido, também a curiosidade funciona como fator de risco ao abuso de drogas. O fator de proteção à curiosidade é o conhecimento sobre os efeitos das principais drogas de abuso. Assim, o diálogo e a confiança entre pai e filhos são de suma importância para se evitar o abuso precoce de drogas.Mas, se o problema estiver justamente aí? Ou seja, se o próprio pai ou cuidador é dependente químico? Como pode um pai responsabilizar-se pela vida que ajudou a colocar no mundo, se a sua prioridade é conseguir a droga? Como pode um pai dispor de tempo para uma criança, educá-la e dar a ela carinho e amor, se o que ele mais ama na vida é a SPA? O ato de ser pai (biológico ou não) é um ato de amor que exige muitas vezes abnegação, dedicação e paciência, e um dependente químico não possui estas qualidades por estar doente demais para cuidar de outros assuntos. Um dependente químico é um doente e precisa de ajuda urgentemente, mesmo que no momento da abordagem ele afirme que está bem, que não precisa de ajuda. Um pai responsável fica alerta para pequenos episódios que possam levar à crença de que usar drogas é “normal”, o que muitas vezes começa em nossa família como uma brincadeira (molhar a chupeta da criança no vinho, Por exemplo) pode muitas vezes desencadear uma série de eventos desagradáveis que irão culminar num jovem irresponsável e numa pessoa totalmente desinteressada pela sua condição de paternidade. Nesses casos seria fácil deduzir que a paternidade responsável (e a irresponsável) se reproduz de geração em geração. Alguém disse: “Como pode um jovem que nunca foi amado amar?”.



1 Maria Berenice Dias.

2 Fábio Henrique Prado de Toledo, Juiz de Direito em Campinas.

3 Walter Santos Baptista, pastor da Igreja Batista Sião em Salvador, Bahia.

4 www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2009/02/03/materia.2009-02-03.6225955236/view*Richardson Luz é sociólogo e coordenador do Núcleo de Prevenção às Drogas e à Dependência Química da ONG Brasil Sem Grades.